(O que bebia tragos à beira-Tejo)
“A MINHA ALMA partiu-se como um vaso vazio...
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso”
(Apontamentos. Álvaro de Campos)
(O de braços longuíssimos e olhos mortos).
Weber, UEL, Londrina.
05/05/2009
20:00 (Cine Teatro Universitário Ouro Verde UEL)
"Wittgenstein!", peça de teatro com Jairo Arco e Flexa*
06/05/2009
(Centro de Letras e Ciências Humanas - CLCH/UEL)
8 às 23 (Banheiros do CCH/Anfiteatro) - Palavras peladas, almas penadas
8 às 23 (Sala 112 do CCH) - Teoria na alcova: corpos celebrados
9 às 10.30 (Sala de Eventos do CCH) - Des-Persona
10.30 às 12 (Corredor do CCH/Anfiteatro) - Varal de Zines
19.30 às 22.30 (Anfiteatro Maior do CCH) - Mesa Redonda - Conhecimento e linguagem: pensando a forma
07/05/2009
(Centro de Letras e Ciências Humanas - CLCH/UEL)
8 às 23 (Banheiros do CCH/Anfiteatro) - Palavras peladas, almas penadas
8 às 23 (Sala 112 do CCH) - Teoria na alcova: corpos celebrados
9 às 10 (Sala de Eventos) - Subjetividade e Singularidade: fragmentos filosóficos e poéticos
10 às 10.30 (Sala de Eventos) - Narrar: uma viagem alternativa
10.30 às 12 (Corredores do CCH) - Além do que se vê
19.30 às 21.30 (Anfiteatro Maior do CCH) - Palestra: Nomear é dar forma ao mundo, Viviane Mosè
21.30 às 22.30 - Lançamento de Livros
* Ingresso da peça para os 100 primeiros inscritos
Inscrições e informações no departamento de História - 3371 4398
Estudantes: $20,00; profissionais: $30,00.
REALIZAÇÃO
Gabriel Giannattasio, Cesar Augusto de Carvalho, José Fernandes Weber, Rogério Ivano, Mirian Donat,
Janete El Haouli, Grupo Sade (Sara Vicelli de Carvalho, Juliana Aparecida Arruda Lima, Taís Souza Neves, Letícia Fernochi), Monalisa Chicarelli, Maria Siqueira Santos, Fábio M. Bueno,
Ronie Péterson Leite da Silva, José Osvaldo Henrique Correa, Paulo Roberto Ferreira e Ana Paula Grequi,
NERO — Núcleo de Estudos do Romantismo, GAES – Grupo de Apoio ao Ensino de Sociologia, Grupo de Pesquisa Máscaras do Trágico, Grupo de Pesquisa Epistemologias e Metodologias da História.
Especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea
20:00 (Cine Teatro Universitário Ouro Verde UEL)
"Wittgenstein!", peça de teatro com Jairo Arco e Flexa*
* Ingresso da peça para os 100 primeiros inscritos
Inscrições e informações no departamento de História - UEL -
(43) 3371 4398
Estudantes: $20,00; profissionais: $30,00.
http://www.blogger.com/comochamaisso@gmail.com
* Ingresso da peça para os 100 primeiros inscritos
O cruzamento de diferentes linguagens narrativas – música, poesia, teatro, cinema e vídeo – sobre um mesmo assunto, no caso, a contracultura dos anos 80, permite tecer um tapete de significações que extrapolam a compreensão intelectual, sem aboli-la.
Assim, a performance promove uma troca entre o espectador e o texto narrado. Aos sentidos construídos pelo narrador, surgem novos significados nascidos da experiência vivenciada do espectador. Narrar, neste contexto, é trilhar diferentes caminhos sem sair do lugar.
A acelerada modernização do espaço tende a criar zonas inóspitas, e nós, cotidianamente podemos notar a sua presença em nossos caminhos, ele é comum na vida do homem moderno, que está sempre processando transformações e alterações. Esse espaço segregado, abandonado, se apresenta como uma forma vazia e, ocasionou um novo conteúdo de espaço social.
Dentro desse conceito, o espaço expressa-se como instância da sociedade, e como tal, interage num conjunto de instâncias dialeticamente. Pretendemos que o espaço seja muito mais um evento que um elemento físico. Definindo-se como uma multiplicidade de caracterizações que interagem pela palavra com a forma. É como se o espaço inóspito tivesse um corpo falido, nosso objetivo é dar-lhe alma, para com isso reavivá-lo. A interação através da palavra é a essência dessa transformação do espaço, é seu movimento dialético que o define como sistema.
Essa capacidade de transformação e reconceitualização de um espaço justificam a localização como algo dinâmico.
Pretendemos renovar o "espaço-morto", transformando-o em lugar de manifestação e intervenção do sujeito como artista social. O espaço parece possuir diversas facetas: a da prosperidade e a do declínio, ultrapassado e estagnado, ou simplesmente esquecido por ser considerado espaço de baixa representação ou transmissões de ações. Costumamos ver, mas não observar esses espaços devido ao seu caráter de mortificação. A instalação de uma obra, sua exposição e a ação do expectador, dá-lhes vida através de projeções de expressões em movimento, criando uma noção de humanização do não humano. As palavras transmitem a sensação de pequenas criaturas vivas, que observam o mundo que as rodeia: o espectador e a instalação.
O objetivo é levar o publico a adaptar um novo olhar sobre o mundo que os rodeia Todos são artistas em seu espaço e podem apresentar um conjunto de obras que vai desde símbolos, elementos estáticos ou interativos. Aplicações interativas ao dispor dos que transitam no espaço físico permitem uma interação entre o espaço transmitido e o criado.
O corpo se apresenta ao conhecimento como imanência intransponível, incontornável, para os mais otimistas, objeto a ser corrigido. Mas, qual o diagnóstico do conhecimento quando se toma como perspectiva o corpo? A que se reduz o pensamento quando ele é submetido ao crivo da alcova?
A instalação proposta pretende dar uma significação a esta incômoda questão, recusando, tanto a transparência da palavra - através da qual o conhecimento se manifesta - quanto o sentimento de culpa que acompanha toda e qualquer idéia de pureza e perfeição.
Nada melhor para tratar de tais interrogações que adotar um espaço que anuncie a perspectiva de observação do problema: o banheiro. O banheiro, aqui, quer traduzir, nos limites do possível, o espaço da 'filosofia na alcova'. Lugar de visceralidade, de entranhas, lugar do que deve ser escondido, do rejeitado, do sujo, do subterrâneo e é para este lugar que convidamos o pensamento a se aventurar.
O corpo sofreu e, ainda, sofre as interdições de ordem moral. Sade mergulhou nos mistérios do corpo, tomando-o como campo de exploração, veículo produtor de conhecimento e, através das palavras, ele nos deleita e apresenta as inúmeras possibilidades que tal campo oferece, trazendo ao leitor um universo único e ao mesmo tempo plural, onde o desprender-se do vício do julgamento e o estranhamento perante a generosidade da vida – amarras morais, cerceadoras da liberdade – são essenciais para a reflexão da imanência sadeana.
Sade conduz para a união de dualidades – corpo/mente, essência/aparência, teoria e prática. Formula, por meio de suas obras, o conhecimento carnal produzido na alcova. Derruba paradigmas maniqueístas, unindo filosofia e corpo. Utilizando-se da linguagem escrita, expõe sua forma e seu conteúdo, maneira de expressão, instrumento que possibilita o relacionar-se com o mundo. Porém, a linguagem não alcança o corpo, feito de carne e instintos. Sade ao descobrir o corpo não "devolveu seu cobertor", nos abrindo para a liberdade, nus e crus para nos expressarmos um no outro. Dito isso, o que faremos transborda: unir a linguagem a diversos tipos de carnes.
Linguagem visual, filmografia, fotografia em busca desta união. O fotógrafo francês Donatien escutou isso numa mesa de bar da cidade. Lembrou-se de seu ilustre conterrâneo e armou sua máquina fotográfica. Registrou corpos, palavras, ou inversamente. Um dia, foi embora, para a sua ou outra terra, ou carne.
Cada corpo é único e abundante, é um "universo", contêm infindáveis, inimagináveis possibilidades, assim como cada palavra carrega inúmeras significações e sentidos. Convidamos o público a se deleitar no entrelaçar destes mundos. Só pedimos para que esta cópula não se restrinja somente ao espaço da exposição, mas, que ela seja levada, pelo espectador, para suas alcovas mais íntimas.
A instalação "Des-Persona" surge como um desdobramento da monografia do curso de Especialização em Filosofia Moderna e Contemporânea: aspectos éticos e políticos da UEL e pretende ser uma transcriação, para a linguagem do teatro, das discussões lá desenvolvidas no âmbito da filosofia. A instalação colocará em cena o tema da crise da identidade e o problema da especificidade das linguagens. Para isso, tomará como direcionador a projeção de seleções de imagens do filme "Persona" do cineasta sueco Ingmar Bergman, e de passagens de obras do filósofo Friedrich Nietzsche, associado a uma disposição cênica e sonora, que pretende criar uma mistura de linguagens. Propõe-se com isso uma transcriação em que tais linguagens próprias da filosofia e do cinema serão mescladas e transmutadas numa apresentação teatral. O que se buscará mostrar é que enquanto na tragédia grega, por exemplo, a crise normalmente conduz o personagem à morte, nesta trascriação será representado que a crise da identidade no mundo contemporâneo leva a personagem a um colapso que se afigura a uma destruição da identidade
Às histórias narradas,
Há maneiras de narrar.
O que quem narra, narra?
O que quem conta, conta?
O que contar?
Contar o quê?
O que conta?
Às maneiras de narrar uma história,
Há maneiras de narrar uma história.
Como narrar o que se narra?
Como contar o que se conta?
Como contar?
Contar como?
Como conta?
A instalação/oficina varal de zines tem a intenção de proporcionar aos transeuntes dos corredores do CCH a possibilidade de criar/contar uma história. Portanto, disponibiliza material gráfico, tinta, lápis, papel e tesoura para os que quiserem criar suas versões narrativas e/ou estéticas sobre o passado.
A opção por esse formato se deve ao seu caráter instigador/criativo. Ao percorrer um varal de zines e se deparar com sua matéria-prima, os transeuntes poderão, por meio da bricolagem de textos e de imagens, fazer uma montagem e publicar histórias suas.
Desde o renascimento, o homem com seus engenhos, passou a ser considerado uma medida segura para se julgar e conhecer, ao mundo e a si próprio. Não apenas a filosofia, também as artes, particularmente a poesia, concebeu-o dessa maneira. Embora com exceções, o emblemático "penso, logo existo" de Descartes, tornou-se o mote para definir os poderes do homem. Do pensamento derivava a certeza a partir de uma evidência incontornável: eu penso, existo enquanto pensamento, e daí decorrem todas as outras certezas.
Progressivamente, tal paradigma, conhecido como "paradigma da subjetividade", começou a ser problematizado pois a forma pura da subjetividade ou as operações formais da razão conduziram a um beco sem saída: o cão tentando morder a própria cauda causa vertigem e provoca riso.
Desde, pelo menos, o século XIX, abandonou-se a tentativa de definir um eu puro, um sujeito fundante, passando-se gradativamente a tematizar a singularidade. A pergunta, então, que a filosofia e a poesia formularam passou a ser: que multiplicidades são essas que me constituem e que me singularizam frente ao mundo? Que arranjos precários me constituem e permitem dizer, como Rimbaud: "Eu é um outro"?
A apresentação consistirá na leitura e comentário de fragmentos de textos filosóficos e poéticos que ilustrarão o movimento que vai da subjetividade à singularidade, com o que se buscará evidenciar o fundo de crise contido naquela transformação. Somente se torna singular quem habita a crise como modo próprio de ser do humano.