Em 1795 aparecia ao público, pela primeira vez, o texto do Marquês de Sade nomeado 'A filosofia na alcova'. Este romance filosófico - diga-se de passagem, um gênero literário fartamente empregado pelos filósofos do século XVIII - criava uma perspectiva, muito particular, de avaliação do conhecimento.
Para julgar a nocividade ou os benefícios de um dado saber era preciso submetê-lo ao crivo do corpo. Não de um corpo qualquer - afinal, em Sade, o corpo se impõe, irremediavelmente, ao sujeito como presença única, íntima e incognoscível - mas, do teu corpo, ou seja, disto que a cada um pertence e que, em muitos momentos, se nos apresenta como nosso inimigo moral!
É deste universo incômodo que trata o romance sadeano e pode-se, desta forma, melhor compreender porque o autor tem um apreço, todo particular, pelas estruturas narrativas que permitem fragmentar o eu.

Gabriel Giannattasio, UEL, Londrina.

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