O Tractatus logico-philosophicus, de 1922, é a única obra publicada por Wittgenstein em vida e é o resultado de suas indagações acerca dos limites da linguagem significativa. O livro é composto de um conjunto numerado de sete aforismos com comentários e esclarecimentos, também devidamente numerados e trata, a despeito de seu número reduzido de páginas, de uma vasta quantidade de temas: estrutura da linguagem e da realidade, lógica, ética, estética e o místico, além de discutir o estatuto da filosofia. É uma das mais importantes obras filosóficas do século XX e também uma das mais enigmáticas e de difícil compreensão, talvez porque, como afirma o próprio autor no prefácio, o livro só possa ser entendido por aqueles que de alguma maneira já tenham pensado sobre o que nele vem expresso. O último aforismo do livro afirma que “daquilo de que não se pode falar, deve-se calar” e, coerente com sua própria recomendação, Wittgenstein abandona a filosofia nesse momento.

Em 1929, depois de “reconhecer graves erros” em sua primeira obra, Wittgenstein volta a Cambridge e o resultado de suas novas pesquisas encontra-se no livro Investigações Filosóficas, que só foi publicado postumamente, em 1953. Nesse livro, Wittgenstein critica vários aspectos da concepção de linguagem e significado que havia defendido no Tractatus logico-philosophicus, em especial a noção de que o significado é dependente da relação das palavras com os objetos que referem. Nas Investigações Wittgenstein afirma que a significação deve ser buscada no uso que se faz das palavras e, como apoio para sua nova concepção, lança os conceitos de jogos de linguagem, formas de vida e semelhança de família. Também nesta obra Wittgenstein não segue a forma comum de um tratado de filosofia, pois o livro é composto de parágrafos numerados, que nem sempre tem um encadeamento argumentativo muito claro e não conta com capítulos ou divisões que indiquem os diferentes temas tratados.

Mirian Donat, UEL, Londrina.

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