Intervenção: Subjetividade e Singularidade: fragmentos filosóficos e poéticos

Desde o renascimento, o homem com seus engenhos, passou a ser considerado uma medida segura para se julgar e conhecer, ao mundo e a si próprio. Não apenas a filosofia, também as artes, particularmente a poesia, concebeu-o dessa maneira. Embora com exceções, o emblemático "penso, logo existo" de Descartes, tornou-se o mote para definir os poderes do homem. Do pensamento derivava a certeza a partir de uma evidência incontornável: eu penso, existo enquanto pensamento, e daí decorrem todas as outras certezas.

Progressivamente, tal paradigma, conhecido como "paradigma da subjetividade", começou a ser problematizado pois a forma pura da subjetividade ou as operações formais da razão conduziram a um beco sem saída: o cão tentando morder a própria cauda causa vertigem e provoca riso.

Desde, pelo menos, o século XIX, abandonou-se a tentativa de definir um eu puro, um sujeito fundante, passando-se gradativamente a tematizar a singularidade. A pergunta, então, que a filosofia e a poesia formularam passou a ser: que multiplicidades são essas que me constituem e que me singularizam frente ao mundo? Que arranjos precários me constituem e permitem dizer, como Rimbaud: "Eu é um outro"?

A apresentação consistirá na leitura e comentário de fragmentos de textos filosóficos e poéticos que ilustrarão o movimento que vai da subjetividade à singularidade, com o que se buscará evidenciar o fundo de crise contido naquela transformação. Somente se torna singular quem habita a crise como modo próprio de ser do humano.

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